Parte um.

14:12

“Estou feliz” era isso que eu respondia em meio às armas e violência da  guerra.  As feições de surpresa ficavam facilmente perceptíveis no rosto das pessoas após minha resposta, elas deviam se perguntar “como ela pode estar feliz?”
Só uma coisa me fazia feliz naquele momento. Uma pessoa, pra falar a verdade, um rapaz que havia conhecido recentemente se chamava Henrique, eu nunca tinha o visto, mas na primeira vez que olhei em seus olhos pude sentir algo diferente, ele não seria uma pessoa qualquer.
“Olá” falou timidamente ao perceber que estava o observando “oi, como se chama?” respondi  e não pude deixa de notar minhas bochechas corando pouco a pouco durante a conversa. Ele possuía olhos claros verdes como a grama em uma tarde de sol, possuía sardinhas no alto das bochechas, normalmente não gostava de sardinhas mas as dele estavam na quantidade certa, tinha cabelos pretos e cacheados, realmente parecia um anjo.  Durante nossas conversas acabei descobrindo que ele morava apenas seis quadras da minha antiga casa, a qual não sei mais se ainda existe devido a guerra. Sua mãe havia morrido quando ele ainda era pequeno, a única lembrança que ele tem dela é um colar, seu pai estava na guerra, como todos os outros homens e entre eles meu pai.
Após esse dia não paramos de nos falar, conversas longas, sobre os mais diversos assuntos. Os dias foram passando e eu e Henrique íamos ficando cada vez mais próximos, acho que não estava querendo ser só sua amiga, mas não sabia se ele sentia o mesmo. Passei a noite toda  em como falar o que sentia pra ele, enquanto ainda tinha tempo, pois na guerra não se sabe o dia de amanha.  

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